Conselheiro de Kennedy Jr. quer fim da vacinação contra a poliomielite e hepatite B

por RTP
Foto: Adam Gray - Reuters

Um dos principais conselheiros jurídicos de Robert Kennedy Jr., o escolhido do presidente eleito Donald Trump para secretário da Saúde, tem tentado convencer os reguladores federais dos medicamentos nos Estados Unidos a revogar a aprovação das vacinas contra a poliomielite e a hepatite B, assim como a bloquear a distribuição de 13 outras vacinas essenciais.

Aaron Siri é o nome do advogado que tem ajudado Kennedy Jr. a selecionar os futuros administradores da saúde, que deverão entrar em funções quando Donald Trump tomar posse, no início do próximo ano.

Segundo uma investigação do New York Times publicada esta sexta-feira, Siri está envolvido nos esforços de longa data para forçar a Food and Drug Administration (FDA), agência federal dos EUA que gere a segurança dos medicamentos, a revogar a aprovação desta entidade a uma série de vacinas.
Entre as vacinas em questão, que salvam a vida e asseguram a saúde de milhões de norte-americanos, estão a da poliomielite e a da hepatite B.
De acordo com o NYT, Aaron Siri tem estado do lado de Kennedy Jr. enquanto este realiza entrevistas aos candidatos para cargos na área da saúde e os dois homens têm perguntado aos entrevistados qual a posição destes em relação às vacinas.

O próprio Kennedy já assumiu ser cético quanto à eficácia das inoculações, mas garantiu não ter planos para revogar a autorização de vacinas caso seja confirmado pelo Senado dos EUA para o cargo de secretário da Saúde.

A porta-voz de Kennedy Jr., Katie Miller, confirmou entretanto que Siri tem estado a aconselhá-lo, mas assegurou que este “tem sempre dito que quer transparência quanto às vacinas e dar às pessoas a possibilidade de escolher”.

No entanto, a proximidade entre o sobrinho do ex-presidente John F. Kennedy e Aaron Siri está a levantar preocupações acerca das futuras decisões do primeiro, tendo em conta o seu envolvimento no movimento anti-vacinação.
Kennedy insiste em associar vacinas a autismo
Siri trabalha em estreita colaboração com a Informed Consent Action Network (ICAN), uma organização sem fins lucrativos defensora da “liberdade médica” que há muito trava uma guerra contra as vacinas.

Segundo o New York Times, Siri apresentou em 2022 uma petição na qual pedia à FDA que revogasse a aprovação da vacina contra a poliomielite em nome da ICAN.

Esta doença infeciosa é provocada pelo poliovírus, contraído através da ingestão de substâncias contaminadas. Em tempos era das doenças mais temidas pelos americanos mas, com a administração da vacina, acabou por ser erradicada do país.

Aaron Siri esteve envolvido em ações judiciais que pediam a retirada ou a suspensão das vacinas contra a poliomielite e a hepatite B, tendo também apresentado uma petição à FDA para “suspender a distribuição” de 13 outras vacinas, de acordo com o NYT.

Esta semana, Donald Trump afirmou que Kennedy Jr. poderia investigar as vacinas devido a uma alegada associação à doença de autismo, o que já foi repetidamente desmentido por especialistas.
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